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A Copa do Mundo Feminina de 2027 será no Brasil

Por Francisco Gremaud, economista formado pela FEA-USP, graduando em História na FFLCH-USP e militante do Coletivo Graúna.


No último dia 17 de Maio, ocorreu em Bangkok, capital da Tailândia, o Congresso da FIFA para decidir a sede da próxima Copa do Mundo de Futebol Feminino, que será realizada em 2027. Duas candidaturas disputavam entre si o direito de realizar o torneio em seu território: uma europeia, formada por Holanda, Alemanha e Bélgica, e outra brasileira, que sagrou-se vencedora.


A ideia de receber no Brasil a Copa do Mundo Feminina não é nova. Esta recente empreitada teve como origem o projeto da ex-ministra dos Esportes do governo Lula, Ana Moser, trocada da pasta por André Fufuca (PP-MA) ainda em 2023, visando a construção de uma base de apoio mais robusta no Congresso.  Contudo, é importante ressaltar que este projeto já estava presente na gestão da medalhista olímpica de vôlei, antes da troca de comando no ministério.


Apesar da má impressão deixada pelos grandes eventos esportivos realizados no Brasil na última década, caso da Copa de 2014 e das Olimpíadas do Rio de 2016, a Copa do Mundo Feminina de 2027 aparenta ter um grande potencial de sucesso, seja em relação ao público, ao próprio futebol feminino e ao seu possível legado para o país.


Em primeiro lugar, diferentemente dos dois mega eventos já citados, esta competição não demandará a construção de novos estádios ou centros esportivos, uma vez que serão utilizadas 10 das 12 sedes da Copa de 2014, reduzindo assim significativamente os custos com a competição, além de se aproveitar do volumoso investimento realizado no torneio vencido pela seleção de Manuel Neuer, Thomas Muller e companhia. De forma complementar, será possível também concluir obras de infraestrutura previstas para o mundial de 2014, mas ainda não entregues à população brasileira, como o exemplo da linha 17-Ouro da CPTM em São Paulo.


Em segundo lugar, e talvez o mais importante, a Copa do Mundo Feminina de 2027 será uma oportunidade única para o desenvolvimento e popularização do futebol feminino no Brasil. Prática que era proibida e criminalizada no país até o início da década de 1980, o futebol jogado por mulheres vem crescendo em um ritmo acelerado, com cada vez mais espaço nas mídias e na própria televisão. Competições femininas como o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores da América já entraram no radar dos torcedores brasileiros, lotando estádios em fases finais, como no caso vitorioso das brabas do Corinthians.


Contudo, apesar do futebol feminino de clubes estar de fato ganhando força no cenário nacional, a seleção brasileira ainda custa a empolgar. A eliminação ainda na fase de grupos da última Copa para a fraca seleção da Jamaica, além de um estilo de jogo insosso promovido pela técnica Pia Sundhage acabaram por dificultar a identificação do público com a seleção. Entretanto, o novo técnico Arthur Elias, responsável por um trabalho brilhante à frente do Corinthians, parece dar início a uma mudança animadora, junto a entrada de novas jogadoras no time principal.


Assim, mais do que a expectativa de títulos e da consagração esportiva das nossas atletas, a Copa do Mundo Feminina de 2027 no Brasil será uma oportunidade de disseminar a prática do futebol feminino pelo país, desconstruindo a noção do esporte como uma exclusividade dos homens e, dessa forma, contribuindo também na luta pela equidade de gênero e da valorização da vida, da saúde e do protagonismo das mulheres em todo território nacional.

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